É um contributo inestimável para a causa ambiental a elevação da salvaguarda do ambiente a imperativo moral
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Hoje, tendo-se tornado uma preocupação central, tanto de cientistas como de teólogos, as questões ambientais parecem estar a gerar uma nova plataforma de entendimento entre indivíduos que, sendo oriundos dos mais diversos universos ideológicos, partilham a mesma visão sobre a relação do homem com a natureza.
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Hoje, tendo-se tornado uma preocupação central, tanto de cientistas como de teólogos, as questões ambientais parecem estar a gerar uma nova plataforma de entendimento entre indivíduos que, sendo oriundos dos mais diversos universos ideológicos, partilham a mesma visão sobre a relação do homem com a natureza.
Dado o conjunto de valores e causas que defendo no Parlamento Europeu, entre as quais relevam as questões ambientais e da produção eficiente e limpa de energia, às quais sou sensível em boa parte devido à minha formação científica, devo dizer que as posições que a Igreja tem vindo a manifestar a este respeito são para mim uma verdadeira fonte de inspiração. Na sua última carta encíclica, Caritas in veritate, Bento XVI reconhece que "é lícito ao homem exercer um governo responsável sobre a natureza para a guardar, fazer frutificar e cultivar...", mas, ressalva o Sumo Pontífice, o homem não pode deixar de "sentir como gravíssimo o dever de entregar a terra às novas gerações num estado tal que também elas possam dignamente habitá-la e continuar a cultivá-la" (Cap. IV, 50). Parece-me ser um contributo inestimável para a causa ambiental esta elevação da salvaguarda do ambiente ao estatuto de um imperativo moral. O Papa Bento XVI coloca a questão no patamar de um dever que uma geração deve observar para com as próximas gerações. E ao condenar o comportamento do poluidor como um pecado, que exige arrependimento, como o fez no ano passado, acrescenta a esse dever todo o peso da visão religiosa do mundo.
No que respeita à produção de energia, o Papa Bento XVI denuncia a ligação desta questão à pobreza, aos conflitos armados e, em geral, à situação desolada dos países menos desenvolvidos: "O açambarcamento dos recursos energéticos não renováveis... constitui um grave impedimento para o desenvolvimento dos países pobres. A monopolização de recursos naturais... gera exploração e frequentes conflitos entre as nações e dentro das mesmas." Daí o apelo papal à comunidade internacional para "encontrar as vias institucionais para regular a exploração dos recursos não renováveis, com a participação também dos países pobres, de modo a planificar em conjunto o futuro" (Cap. IV, 49).
Recentemente (11 de Janeiro), durante a recepção aos diplomatas das 170 nações representadas no Vaticano, o único Estado do mundo que pode reivindicar ser carbono-neutro, o Papa Bento XVI sublinhou a sua preocupação com o falhanço dos líderes mundiais em alcançarem um acordo global sobre as alterações climáticas, na conferência de Copenhaga, e lançou um apelo, que todos partilhamos, a que se envidem todos os esforços para que seja alcançado um acordo global antes do final do ano (em Cancun).
O testemunho e as mensagens do Sumo Pontífice dão-nos força e ânimo para continuarmos, no nosso dia-a-dia de deputados europeus, com humildade e determinação, a combater por formas novas, menos destrutivas e menos ameaçadoras das gerações vindouras, de nos relacionarmos com a natureza.
No que respeita à produção de energia, o Papa Bento XVI denuncia a ligação desta questão à pobreza, aos conflitos armados e, em geral, à situação desolada dos países menos desenvolvidos: "O açambarcamento dos recursos energéticos não renováveis... constitui um grave impedimento para o desenvolvimento dos países pobres. A monopolização de recursos naturais... gera exploração e frequentes conflitos entre as nações e dentro das mesmas." Daí o apelo papal à comunidade internacional para "encontrar as vias institucionais para regular a exploração dos recursos não renováveis, com a participação também dos países pobres, de modo a planificar em conjunto o futuro" (Cap. IV, 49).
Recentemente (11 de Janeiro), durante a recepção aos diplomatas das 170 nações representadas no Vaticano, o único Estado do mundo que pode reivindicar ser carbono-neutro, o Papa Bento XVI sublinhou a sua preocupação com o falhanço dos líderes mundiais em alcançarem um acordo global sobre as alterações climáticas, na conferência de Copenhaga, e lançou um apelo, que todos partilhamos, a que se envidem todos os esforços para que seja alcançado um acordo global antes do final do ano (em Cancun).
O testemunho e as mensagens do Sumo Pontífice dão-nos força e ânimo para continuarmos, no nosso dia-a-dia de deputados europeus, com humildade e determinação, a combater por formas novas, menos destrutivas e menos ameaçadoras das gerações vindouras, de nos relacionarmos com a natureza.
Maria da Graça Carvalho
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