A coragem do Bispo Andrea Hao

Esta semana, na longínqua China, os cristãos de Gonghui estão de luto. Choram a morte do Bispo Andrea Hao Jinli. Tinha 95 anos e pertencia à Igreja Clandestina da China, a que se mantém fiel ao Papa.


Foi por ser cristão e por se ter mantido sempre fiel a Roma, que Andrea Hao conheceu, como tantos, as prisões chinesas. Foi acusado de quê? De ser cristão, apenas. Hao nasceu em 1916 numa família católica. Ele e dois irmãos decidiram seguir a vida religiosa. Ordenado padre, em 1943, foi logo condenado a 10 anos de prisão. Ao fim desse tempo, quando julgava que tinha chegado ao fim o seu tormento, foi mandado para um campo de concentração para ser "reeducado pelo trabalho". Esteve preso mais de vinte anos. Ninguém o vergou: nem o medo, nem os trabalhos forçados, nem as ameaças de morte, nem a violência na prisão. Dele só queriam essencialmente uma coisa: que, como padre, renunciasse a Roma. Nunca o fez. Ao fim deste tempo todo, as autoridades perceberam que de nada valia manterem-no fechado na prisão. Libertado, ao fim de três anos o Vaticano nomeia-o bispo da Diocese de Chongli. Bispo da Igreja Clandestina, a que se mantém fiel a Roma e não a Pequim, ao Partido Comunista Chinês. A vida de Andrea Hao é um exemplo para todos nós. Ele era um homem baixo, magro, de aparência frágil, mas, apesar disso nunca ninguém o conseguiu vencer, ninguém o conseguiu domar. Manteve-se sempre fiel ao Papa, continuou sempre fiel a Jesus Cristo. Mesmo agora, depois de morto, Andrea Hao continua a ser um embaraço para o governo da China. A polícia procurou que o funeral decorresse sem alarido, não se transformasse numa manifestação pública de fé da comunidade cristã local. Mas, apesar das ameaças, foram dezenas os fiéis que decidiram prestar uma última homenagem ao seu bispo, mesmo correndo o risco de serem também detidos. Que exemplo para nós, que estamos a viver a Páscoa neste ano de 2011. Em muitos países no mundo, como nós denunciamos na Fundação AIS – Ajuda à Igreja que Sofre – rezar, ter fé, implica coragem, muita coragem. Quantos de nós seríamos capazes de enfrentar a prisão, a tortura, o medo, a humilhação apenas para continuarmos a rezar, apenas para continuarmos a dizer que somos cristãos? Quantos de nós teríamos a coragem do Bispo Andrea Hao?


Catarina Martins Bettencourt RR on-line

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