Alunos de Lamego sensibilizados para a pobreza

Cáritas diocesana aposta em acções de sensibilização junto das escolas e na descentralização das respostas sociais

A Cáritas de Lamego inicia esta Quinta-feira uma acção de sensibilização sobre a pobreza, nas escolas da diocese. Esta iniciativa, inserida dentro da Semana Nacional da Cáritas, pretende estender-se ao longo do restante ano lectivo.

Lisete Silva Centenico, técnica da Caritas diocesana de Lamego uma das responsáveis pela acção de sensibilização nas escolas, explica que se pretende que os alunos estejam sensibilizados para esta realidade e que possam adequar o conceito de pobreza consoante a sua realidade, mas também realidades distintas da sua.

“Esta é uma forma lúdica e didáctica de alunos, de várias idades, compreenderem os conceitos de pobreza, do pobre português que é rico quando comparado com o pobre africano”, explica à Agência ECCLESIA.

A iniciativa, sob forma de Workshop, visa o envolvimento dos alunos no debate e na organização de ideias. A orientação dos workshops é da responsabilidade da Caritas diocesana, contando com o apoio dos professores de Educação Moral e Religiosa Católica e de Área de Projecto.

As escolas aderiram ainda ao projecto de recolha de alimentos entre os alunos, que serão depois encaminhados para as paróquias consoante as necessidades.

Lisete Centenico explica que esta acção de sensibilização é passível de ser estendida também aos ensino básico. “Nas cantinas ou mesmo em casa, as crianças deixam comida no prato, ou porque não querem ou porque dizem que não gostam. Podemos trabalhar esta questão com as crianças e fazê-las perceber que são uns sortudos”.

Durante a Semana Cáritas, a acção de sensibilização é lançada. Mas existem 14 concelhos na diocese e “há muitas escolas onde podemos chegar”, aponta a técnica da Cáritas.

Ajuda descentralizada

A par da sensibilização para as questões de pobreza, esta é também uma forma de Cáritas diocesana se quer dar a conhecer. A instituição em Lamego quer fazer-se presente nas 223 paróquias coordenando respostas de acção social. “Queremos apostar em grupos de proximidade que estejam atentos a problemas de ordem sócio-caritativa”. Lisete Centenico explica estarem ainda longe de uma presença em todas as paróquias, “mas queremos lá chegar”, lamentando ser um processo moroso.

O projecto levado às escolas quer mostrar que “a caridade não se esgota no padre e nas pessoas por ele designadas para trabalharem na paróquia, mas toda a comunidade deve estar atenta aos problemas existentes”.

O Objectivo das Caritas não é criar valências, mas coordenar respostas de acção social, dinamizar os grupos criados para o feito e formar as pessoas. A Cáritas de Lamego aposta na descentralização.

Lamego, a par de outros locais nacionais, manifesta um aumento de pedidos de ajuda. Lisete Centenico aponta pedidos de ajuda para colmatar o pagamento de medicamentos, contas de água e electricidade, alimentação e alguma roupa também.

Dividida entre a ruralidade do interior e a urbanidade do centro, Lamego apresenta maior carências na cidade. “As pessoas ainda cultivam a sua horta e, parecendo pouco, é uma ajuda muito boa para a subsistência alimentar”, explica a técnica da Caritas.

As taxas de desemprego “não se fazem sentir de forma acentuada”, apesar de a população “ser bastante envelhecida”. As duas paróquias no centro de Lamego estão a organizar-se nas respostas sociais, com atendimento às pessoas.

A realidade da pobreza envergonhada faz-se sentir através dos vizinhos. Daí que Lisete Centenico sublinhe a importância da ajuda de proximidade. Este fenómeno é o que mais preocupa a Caritas, “porque são pessoas que não pedem ajuda, mas sentem, de igual forma, as dificuldades”.

[in agencia.ecclesia.pt]

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