À PROCURA DA PALAVRA P. Vítor Gonçalves DOMINGO I DA QUARESMA Ano B “Jesus esteve no deserto quarenta dias”. Mc 1, 13 A água e o deserto Água e deserto, aliança e tentação, opostos incontornáveis do caminho que nos propõe a Páscoa como meta. Tensão criadora a agitar a cinza dos dias e a fragilidade da terra, espaço sem limites das escolhas que nos realizam. Água do nascer e do renascer que nos definem, entre o “já” e o “ainda não” de grandeza e miséria, “todos os dias são nossos”, como dizia o poeta, mas é também nossa a coragem de espalhar a aurora e levantar rostos cansados e abatidos. Deserto do apelo ao essencial que é sempre tão pouco, (um sorriso, um abraço, “um sair de mim e ser amor contigo”), lugar onde a conversão vai além da penitência, a alegria de dar é mergulhar na realidade de alguém, os gestos ecoam a mudança que acontece no silêncio. Água para a travessia do deserto, e terra seca que pode reaprender a lição do barro, este é o tempo de confiar nas mãos de Quem faz aliança connosco e as oferece cada dia para revelar o que é belo e teimamos em esconder, o que é verdade e teimamos em desprezar, o que é bom e teimamos em esquecer. Jorram os rios de água viva dos nossos corações a empapar os desertos, que podem ser os prédios e as ruas, e as casas, e os trabalhos, e as compras, e até os divertimentos, onde tantas solidões se acumulam? Bebemos e mergulhamos nesta água que é Cristo, e, como a samaritana, ensinamos o caminho da fonte? Guardamos cisternas ou ajudamos os desertos a descobrir a Fonte que neles está? |
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