«Na verdade, Deus é visível para aqueles que são capazes de O ver, porque têm abertos os olhos da alma. Todos têm olhos; mas alguns têm-nos velados e não vêem a luz do sol. Se os cegos não vêm, nem por isso se conclui que não brilha a luz do sol.»
Do Livro de São Teófilo de Antioquia, bispo "A Autólico" (Sec. II)

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Verbum caro factum est – o Verbo fez-Se carne

MENSAGEM URBI ET ORBI DE SUA SANTIDADE BENTO XVI

Santo Natal, 25 de Dezembro de 2010

«Verbum caro factum est – o Verbo fez-Se carne» (Jo 1, 14).

Queridos irmãos e irmãs, que me ouvis em Roma e no mundo inteiro, é com alegria que vos anuncio a mensagem do Natal: Deus fez-Se homem, veio habitar no meio de nós. Deus não está longe: está perto, mais ainda, é o «Emanuel», Deus-connosco. Não é um desconhecido: tem um rosto, o rosto de Jesus.
Trata-se de uma mensagem sempre nova, que não cessa de surpreender, porque ultrapassa a nossa esperança mais ousada. Sobretudo porque não se trata apenas de um anúncio: é um acontecimento, um facto sucedido, que testemunhas credíveis viram, ouviram, tocaram na Pessoa de Jesus de Nazaré! Permanecendo com Ele, observando os seus actos e escutando as suas palavras, reconheceram em Jesus o Messias; e, ao vê-Lo ressuscitado, depois que fora crucificado, tiveram a certeza de que Ele, verdadeiro homem, era simultaneamente verdadeiro Deus, o Filho unigénito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade (cf. Jo 1, 14).
«O Verbo fez-Se carne». Fitando esta revelação, ressurge uma vez mais em nós a pergunta: Como é possível? O Verbo e a carne são realidades opostas entre si; como pode a Palavra eterna e omnipotente tornar-se um homem frágil e mortal? Só há uma resposta possível: o Amor. Quem ama quer partilhar com o amado, quer estar-lhe unido, e a Sagrada Escritura apresenta-nos precisamente a grande história do amor de Deus pelo seu povo, com o ponto culminante em Jesus Cristo.
Na realidade, Deus não muda: mantém-se fiel a Si mesmo. Aquele que criou o mundo é o mesmo que chamou Abraão e revelou o seu próprio Nome a Moisés: Eu sou Aquele que sou… o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob… Deus misericordioso e compassivo, cheio de amor e fidelidade (cf. Ex 3, 14-15; 34, 6). Deus não muda: Ele é Amor, desde sempre e para sempre. Em Si mesmo, é Comunhão, Unidade na Trindade, e cada obra e palavra sua tem em vista a comunhão. A encarnação é o ápice da criação. Quando no ventre de Maria, pela vontade do Pai e a acção do Espírito Santo, se formou Jesus, Filho de Deus feito homem, a criação atingiu o seu vértice. O princípio ordenador do universo, o Logos, começava a existir no mundo, num tempo e num espaço.
«O Verbo fez-Se carne». A luz desta verdade manifesta-se a quem a acolhe com fé, porque é um mistério de amor. Somente aqueles que se abrem ao amor, são envolvidos pela luz do Natal. Assim sucedeu na noite de Belém, e assim é hoje também. A encarnação do Filho de Deus é um acontecimento que se deu na história, mas ao mesmo tempo ultrapassa-a. Na noite do mundo, acende-se uma luz nova, que se deixa ver pelos olhos simples da fé, pelo coração manso e humilde de quem espera o Salvador. Se a verdade fosse apenas uma fórmula matemática, em certo sentido impor-se-ia por si mesma. Mas, se a Verdade é Amor, requer a fé, o «sim» do nosso coração.
E que procura, efectivamente, o nosso coração, senão uma Verdade que seja Amor? Procura-a a criança, com as suas perguntas tão desarmantes e estimuladoras; procura-a o jovem, necessitado de encontrar o sentido profundo da sua própria vida; procuram-na o homem e a mulher na sua maturidade, para orientar e sustentar os compromissos na família e no trabalho; procura-a a pessoa idosa, para levar a cumprimento a existência terrena.
«O Verbo fez-Se carne». O anúncio do Natal é luz também para os povos, para o caminho colectivo da humanidade. O «Emanuel», Deus-connosco, veio como Rei de justiça e de paz. O seu Reino – bem o sabemos – não é deste mundo, e todavia é mais importante do que todos os reinos deste mundo. É como o fermento da humanidade: se faltasse, definhava a força que faz avançar o verdadeiro progresso, o impulso para colaborar no bem comum, para o serviço desinteressado do próximo, para a luta pacífica pela justiça. Acreditar em Deus que quis compartilhar a nossa história, é um constante encorajamento a comprometer-se com ela, inclusive no meio das suas contradições; é motivo de esperança para todos aqueles cuja dignidade é ofendida e violada, porque Aquele que nasceu em Belém veio para libertar o homem da raiz de toda a escravidão.
A luz do Natal resplandeça novamente naquela Terra onde Jesus nasceu, e inspire Israelitas e Palestinianos na busca duma convivência justa e pacífica. O anúncio consolador da vinda do Emanuel mitigue o sofrimento e console nas suas provas as queridas comunidades cristãs do Iraque e de todo o Médio Oriente, dando-lhes conforto e esperança no futuro e animando os Responsáveis das nações a uma efectiva solidariedade para com elas. O mesmo suceda também em favor daqueles que, no Haiti, ainda sofrem com as consequências do terramoto devastador e com a recente epidemia de cólera. Igualmente não sejam esquecidos aqueles que, na Colômbia e na Venezuela mas também na Guatemala e na Costa Rica, sofreram recentemente calamidades naturais.
O nascimento do Salvador abra perspectivas de paz duradoura e de progresso autêntico para as populações da Somália, do Darfour e da Costa do Marfim; promova a estabilidade política e social em Madagáscar; leve segurança e respeito dos direitos humanos ao Afeganistão e Paquistão; encoraje o diálogo entre a Nicarágua e a Costa Rica; favoreça a reconciliação na Península Coreana.
A celebração do nascimento do Redentor reforce o espírito de fé, de paciência e de coragem nos fiéis da Igreja na China continental, para que não desanimem com as limitações à sua liberdade de religião e de consciência e, perseverando na fidelidade a Cristo e à sua Igreja, mantenham viva a chama da esperança. O amor do «Deus-connosco» dê perseverança a todas as comunidades cristãs que sofrem discriminação e perseguição, e inspire os líderes políticos e religiosos a empenharem-se pelo respeito pleno da liberdade religiosa de todos.
Queridos irmãos e irmãs, «o Verbo fez-Se carne», veio habitar no meio de nós, é o Emanuel, o Deus que Se aproximou de nós. Contemplemos, juntos, este grande mistério de amor; deixemos o coração iluminar-se com a luz que brilha na gruta de Belém! Boas-festas de Natal para todos!

© Copyright 2010 - Libreria Editrice Vaticana

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A simplicidade do Natal

«Nasceu-vos hoje na cidade de David um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 11-12). Com estas singelas palavras, o Anjo comunica aos pastores o sublime acontecimento da Noite de Natal.

Deus acaba de nascer. Vem ao mundo — criado por Ele — e vem para nos salvar. Não vem simplesmente para nos fazer uma visita de cortesia. Isso já seria muito! No entanto, para Deus, isso seria muito pouco. Veio para habitar entre nós. Veio revelar-nos o Seu infinito Amor. Veio para morrer na Cruz e abrir-nos assim as portas do Céu. É que cada um de nós vale muito: sejamos grandes ou pequenos, fortes ou frágeis, nascidos ou ainda por nascer.

E qual foi o sinal escolhido por Deus para nos indicar que já chegou? Um maravilhoso palácio repleto de riquezas e múltiplos confortos? Não, esse não foi o sinal anunciado pelo Anjo aos pastores. O sinal escolhido por Deus, por insólito que pareça, é um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura, porque não havia para ele lugar na pousada.

«O sinal de Deus é a simplicidade» — disse Bento XVI numa Noite de Natal. Sem simplicidade, não conseguimos “sintonizar” com o mistério do Natal. É necessário parar, fomentar o silêncio interior — quanto barulho e ruído à nossa volta! — e contemplar o presépio com simplicidade. Com a simplicidade de uma criança apercebemo-nos de que tudo no Natal é maravilhoso e encantador.

Como Deus é grande! E — ao mesmo tempo e sem nenhuma contradição — como Deus é simples! Porque é que, tantas vezes, complicamos a nossa vida e a dos outros? Porque é que, tantas vezes, procuramos o êxito a todo o custo em assuntos secundários — passageiros e efémeros — e nos esquecemos do principal? Porque é que, tantas vezes, trocamos a luz do Amor que vem do presépio — a luz de que mais necessitamos para viver — pelo brilho fugaz do nosso orgulho e do nosso egoísmo?

Lá está: falta-nos simplicidade! Simplicidade para chamar ‘ao pão, pão e ao queijo, queijo’. Simplicidade para não esquecer que a nossa vida vale muito mais do que o ouro — ela vale uma eternidade! Simplicidade para perguntarmo-nos: se a minha vida não servir para corresponder ao Amor de Deus por mim vai servir para quê? Para ir andando? Andando para onde?

Conta-nos São Lucas que os pastores regressaram para suas casas glorificando e louvando a Deus — cheios de alegria — simplesmente por terem visto o sinal. Mas atenção: eles não viram nenhum milagre! Viram “somente” um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura. Mas viram-no — claro está — com simplicidade de coração. Oxalá não nos falte essa simplicidade ao contemplar o presépio na Noite de Natal! Assim, tal como os pastores, receberemos de Deus uma alegria profunda e genuína que tudo o que é passageiro não nos pode dar.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

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História do Natal

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A Boa Nova


«Ide contar o que vedes e ouvis: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres.»

Mt 11, 4

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«O pós-convívio para mim foi um reviver de emoções.»

Queridos amigos,
o pós-convívio para mim foi um reviver de emoções, um reviver recordações que me trazem tanta saudade… Entrar naquela casa de novo foi óptimo, ver o vosso rosto, o vosso sorriso, ter a vossa presença de novo foi absolutamente maravilhoso. Como sabem, cheguei tarde mas foi tão bom. Amo cada momentinho que passo com vocês e sei que muitos me chamam de “tolinha” e que ando sempre aos saltos mas, se é assim, é porque estou feliz, com vocês eu sou Feliz, com vocês e com Ele mas ele está sempre comigo, infelizmente vocês não…
Depois há quem diga que eu me despeço mil vezes das pessoas e que ando sempre aos abraços… para mim um abraço é tanto mas tanto, saber que podemos abraçar alguém é fantástico, é uma forma tão sentida de cumprimentar alguém… E, em relação ao facto de me despedir mil vezes, é porque vocês são demasiado importantes para que não “adeus” mas um “até já” seja feito em 2 segundos.
Vocês são mesmo importantes para mim e depois de partir levo certezas, mas também dúvidas e uma certa tristeza. Certezas porque sei que tenho alguém – muitos “alguéns” com quem posso contar, pessoas fantásticas que me fazem sorrir, certeza que passei um óptimo dia e aproveitei cada segundinho com vocês e com Ele, mas depois chegam as duvidas e a tristeza… duvidas porque quando será que volto a ter o abraço da Mariana ou da Judite ou da Rosvita… Ou o olhar do Ricardo e do Miguel… E as anedotas do Anthony… Quando será que volto a ter a boa disposição do Pedrinho? Quando será que vos volto a ter assim bem juntinhos com foi hoje? Não faço ideia, ou melhor faço e ainda vai demorar tanto… e assim fico triste… a Iolanda no regresso dizia: “tu costumas ser uma tramela e hoje não dizes nada porque?” Eu lá lhe disse que ia morrer de saudades e que ainda faltavam 3 meses para podermos estar juntos outra vez… Mas na verdade naquele meu silêncio iam gargalhadas, sorrisos, confissões, partilhas pois ia a pensar em vós… Tão estranho... Em tão pouco tempo se tornaram tanto, mas tanto que já não imagino a minha vida sem a minha segunda família… Viva o 1133!
Ana Lúcia Correia [C.F.1133]

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Natal no Iraque

Imagine-se, de hoje a 15 dias, sem poder sair de casa para ir à Igreja celebrar o Natal. E que, mesmo dentro casa, reunido com a sua família e amigos, poderá perder a vida… só pelo simples facto de ser cristão.

Pois é disso mesmo que, neste momento, têm medo os católicos iraquianos.

Hisham tem 29 anos e já recebeu duas ameaças de morte, por se recusar a abandonar o país. Wasim, com 67 anos, sente-se isolado e pensa seriamente em emigrar para a Síria, com medo que raptem a sua filha, jovem universitária. Shimoun, com 25 anos, continua a ter pesadelos desde o ataque sangrento à catedral e tenta resistir às pressões da família para emigrar para a Jordânia. Senah, com 69 anos, vive em Bagdad e é uma professora reformada.

Testemunha que a sua vida se resume a duas palavras: medo e esperança. Medo, por causa da Al-Qaeda e das suas milícias, que há muito definiram os cristãos como alvo a abater, e esperança pelo amor que tem à terra onde nasceu e pelo pedido que, nestes dias, fez chegar até nós.

“Este Natal será uma grande provação para os cristãos que aqui ficaram”, disse ela. “Peço aos nossos irmãos no estrangeiro que não se esqueçam de nós. Precisamos muito de sentir a vossa companhia”.
Aura Miguel RR on-line 10-12-2010 07:33

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Ceia de Natal Conviva

Tudo bem pessoal? Espero que esse 4º Dia continue com a mesma força do 3º :). Caso não esteja com essa força toda, temos a solução (somos mesmo bons nisto, he he), em especial para o CF 1133 e para todos os outros convivas: Pós Convívio, do 1133, no dia 11 de Dezembro, com a Ceia de Natal para todos os convivas, no mesmo dia, com o seguinte programa:


Ceia de Natal Conviva, 11 de Dezembro, Casa de S. José, em Lamego
17h Recepção de todos os Convivas
17:30 Eucaristia
19:30 Jantar / Ceia de Natal

Apareçam :)

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Entre a violência e a esperança

No Iraque, a violência anti-cristã não pára de crescer. Esta perseguição religiosa agravou-se desde que os Estados Unidos invadiram o Iraque, em 2003.

Barak Obama bem pode apregoar pelo mundo os valores da democracia, mas, no terreno, a situação está incontrolável. “Grupos armados fundamentalistas entram em bairros onde vivem os cristãos e matam indiscriminadamente os que se atravessam no seu caminho”, disse há dias um bispo caldeu.
A Al-Qaeda declarou os cristãos um alvo a abater e uma das acções mais terríveis foi executada, há pouco mais de 15 dias, durante a missa de domingo, na catedral siro-católica de Bagdad. O massacre causou 53 mortos e 60 feridos.
Ontem mesmo, aos microfones da Renascença, o arcebispo siro-católico, cuja catedral foi atacada, referiu-se ao medo com que muitos cristãos encaram o futuro, mas – ao mesmo tempo – deu-nos uma lição incrível de esperança, ao dizer que rezam e que, na altura, fizeram três dias de jejum para implorar a Deus força e paciência para permanecerem lá, onde nasceram, fiéis a Cristo.
Os bispos locais – e o próprio Papa – lançam sucessivos apelos aos responsáveis do mundo para pôr fim à violência. E este arcebispo, em concreto aos portugueses, pede orações.
Mesmo que as potências mundiais e os campeões da democracia pareçam surdos a estes apelos, os cristãos do Iraque merecem as nossas orações.


Aura Miguel, RRon-line 19-11-2010 08:46

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O Papa e o preservativo

Para um católico que quer estar bem informado, o melhor modo é ler na íntegra e no seu contexto, o que o papa disse:

«[…] Em África, Vossa Santidade afirmou que a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da sida. Os críticos, provenientes também da Igreja, dizem, pelo contrário, que é uma loucura proibir a utilização de preservativos a uma população ameaçada pela sida.

Em termos jornalísticos, a viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da sida, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito – uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. E mantenho o que disse. Faz mais porque é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas, agindo preventivamente, educando, ajudando, aconselhando, acompanhando. Faz mais porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida. Pude visitar uma dessas unidades hospitalares e falar com os doentes.
Essa foi a verdadeira resposta: a Igreja faz mais do que os outros porque não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno. Não tinha, nesse contexto, dado a minha opinião em geral quanto à questão dos preservativos, mas apenas dito – e foi isso que provocou um grande escândalo – que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença.
Efectivamente, acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais.

Desenvolveu-se entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria ABC, que defende “Abstinence – Be faithful – Condom” (“Abstinência – Fidelidade – Preservativo”), sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa.
Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade.
Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?
É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.»

In Bento XVI, Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos – Uma conversa com Peter Seewald, Lucerna, 2010
Fonte: Infovitae

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«CIDADE DO VATICANO, domingo, 14 de novembro de 2010 (ZENIT.org)

Apresentamos, a seguir, as palavras que o Papa Bento XVI pronunciou hoje, ao introduzir a oração mariana do Ângelus com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

Queridos irmãos e irmãs:

Na segunda leitura da liturgia de hoje, o apóstolo Paulo sublinha a importância do trabalho para a vida do homem. Este aspecto é também recordado pelo "Dia de Ação de Graças" que se comemora tradicionalmente na Itália neste segundo domingo de novembro, como agradecimento a Deus no término da estação das colheitas. Ainda que em outras áreas geográficas os tempos de cultivo sejam naturalmente diferentes, hoje eu gostaria de aproveitar a oportunidade das palavras de São Paulo para umas reflexões, em particular sobre o trabalho agrícola.

A crise econômica atual, sobre a qual se tratou também nestes dias na reunião do chamado G20, deve ser concebida em toda a sua seriedade; esta tem numerosas causas e exige uma revisão profunda do modelo de desenvolvimento econômico global (cf. encíclica Caritas in veritate, 21). É um sintoma agudo que se somou a outros também graves e já bem conhecidos, como o perdurar do desequilíbrio entre riqueza e pobreza, o escândalo da fome, a emergência ecológica e, atualmente, também geral, o problema das greves. Neste quadro, parece decisivo um relançamento estratégico da agricultura. De fato, o processo de industrialização às vezes ensombreceu o setor agrícola, o qual, ainda contando com os benefícios dos conhecimentos e das técnicas modernas, contudo, perdeu importância, com notáveis consequências também no campo cultural. Este parece ser o momento para um convite a revalorizar a agricultura, não em sentido nostálgico, mas como recurso indispensável para o futuro.

Na situação econômica atual, a tentação para as economias mais dinâmicas é a de recorrer a alianças vantajosas que, contudo, podem acabar sendo prejudiciais para os Estados mais pobres, prolongando situações de pobreza extrema de massas de homens e mulheres e esgotando os recursos naturais da Terra, confiada por Deus Criador ao homem - como diz o Gênesis - para que cultive e a proteja (cf. 2, 15). Além disso, apesar da crise, consta que nos países de antiga industrialização, incentivam-se estilos de vida marcados por um consumo insustentável, que também acabam prejudicando o ambiente e os pobres. É necessário dirigir-se, portanto, de forma verdadeiramente concertada, a um novo equilíbrio entre agricultura, indústria e serviços, para que o desenvolvimento seja sustentável, não falte pão para ninguém e para que o trabalho, o ar, a água e os demais recursos primários sejam preservados como bens universais (cf. Caritas in veritate, 27).

Para isso, é fundamental cultivar e difundir uma clara consciência ética à altura dos desafios mais complexos do tempo presente; educar-se num consumo mais sábio e responsável; promover a responsabilidade pessoal junto à dimensão social das atividades rurais, fundadas em valores perenes, como o acolhimento, a solidariedade, a partilha do cansaço no trabalho. Muitos jovens já escolheram este caminho; também muitos licenciados voltam a dedicar-se à empresa agrícola, sentindo responder assim não somente a uma necessidade pessoal e familiar, mas também a um sinal dos tempos, a uma sensibilidade concreta pelo bem comum.

Oremos a Nossa Senhora, para que estas reflexões possam servir de estímulo à comunidade internacional, enquanto elevamos a Deus nossa ação de graças pelos frutos da terra e do trabalho do homem. »

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Tirar partido


"As pessoas mais felizes não têm o melhor de tudo, mas tiram o melhor partido de tudo o que têm."

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Bispo de Lamego escreve carta aos Sacerdotes da Diocese

«O Sr. D. Jacinto Botelho, Bispo da Diocese de Lamego, escreveu uma carta a todos os seus sacerdotes, sobre algumas iniciativas da Diocese, abordando também o tema da sua renúncia como Bispo da Diocese, como previsto no Direito quando é atingida a idade de 75 anos.»

Para ler a notícia completa visita o blog da Diocese clicando aqui.

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"Olá a todos...

Eu sou o Tiago Oliveira, novo conviva... como os que lá estiveram sabem, eu não gosto de falar muito... lol... pelo contrário... eu sou das pessoas que mais lá falou... se calhar o facebook não disponibiliza espaço suficiente para escrever tudo o que estou a sentir neste momento... mas aqui vai alguma coisa :p... há uns dias atrás um grande amigo meu, Pe. Zé Augusto, apresentou-me uma proposta... ser conviva.... Eu como até gosto destas coisas disse logo que sim sem pesar em nada mesmo... Quando a data se começou a apróximar eu comecei a sentir um nervosinho miudinho dentro de mim, acho que até era mesmo medo... Mas com falta de coragem em voltar com a minha palavra a trás lá fui... Cheguei á casa de S. José na sexta e sentia-me sozinho... não conhecia praticamente ninguém e não sabia muito bem o que estava a fazer ali... sentia que aquilo não era pra mim. toda aquela gente para mim eram apenas pessoas sem qualquer significado. Confesso que nesse dia me deitei e sentia-me igual aos outros dias. Convivi com o pessoal nessa noite e quando fui para o quarto passei prai uma hora na conversa... ao fim do sábado, á noite no quarto, já só falamos prai meia hora...só do que se tinha passado durante o dia, mas ainda havia conversas banais e com pouco interesse... no domingo á noite fui para o quarto e não conseguia dizer nada, palavras a sair da minha boca?! nem vê-las... E lágrimas dos meus olhos?! ui... nem imaginam... e no último dia, na despedida?! ai então nem se fala.... acho que perdi 20 litros de água nestes 3 dias!!! Mas agora que passou, e sei que nunca vou poder repetir, sei que esta foi a experiência que mais me marcou na minha vida! Chegou ao fim e cheguei a várias conclusões... Não quero ser padre, embora agora conheça a razão de eles serem felizes. não quero ser padre mas nunca mais na minha vida me quero afastar do mais importante que temos, DEUS. Agora tenho a certeza que vou espalhar a minha fé por onde passar, vou ter mais capacidade de perdoar, entender melhor os outros, ser mais pacífico e acima de tudo tentar ser a melhor pessoa possível! E vou conseguir!!!! sabem porque?! porque fiz um compromisso com Ele.... e com a ajuda do companheiro de jornada vou conseguir ser feliz! Nunca pensei que isto me mudasse tanto, entrei naquela casa cheio e de certezas e agora o que tenho são dúvidas e mais dúvidas. as únicas certezas que trago comigo é que eu vou conseguir e que Deus existe.. Existe porque falei com ele. Foi a primeira vez que consegui ouvi-lo a sério. Agora sim sou feliz!!! e nunca quero que esta chama se apague!!!! outra coisa que tenho a certeza é que em todos os momentos da minha vida, tristeza ou alegria, sei que posso contar com vocês....
Quero aproveitar para agradecer a todos os que lá estiveram, que me mostraram que tudo isto pode ser possivel e que tudo isto é fácil de alcançar, basta rezar!!! quero agradecer também a todos os outros convivas que não estiveram presentes mas estiveram a rezar por mim e que me abriram os braços para entrar nesta grande família em que vale a pena viver!!! e como Deus é amor eu resumo tudo isto a uma palavra: AMEI!!!!
Cumprimentos fraternos meus irmão"

Tiago Oliveira (C.F.1133)

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Dos Santos aos Fiéis Defuntos

Celebrações marcam profundamente a religiosidade dos portugueses


«A proximidade destes dois dias do princípio de Novembro, respectivamente o dia 1 e 2 deste mês, levou a que frequentemente se imagine que se trata de uma única celebração em dois dias consecutivos. No entanto, não é assim, embora cada um destes dois dias tenha muito de comum, que é a celebração do mistério da vida para além da morte e a esperança de nela tomarmos parte, como membros do mesmo e único Corpo de Cristo.
Os Santos sempre foram celebrados desde o princípio do Cristianismo, particularmente os Mártires. As Igrejas do Oriente foram as primeiras (século IV) a promover uma celebração conjunta de todos os Santos quer no contexto feliz do tempo pascal quer na semana imediatamente a seguir. Os santos - com destaque para os mártires - são, de facto, modelo sublime de participação no mistério pascal.
No Ocidente, foi o Papa Bonifácio IV a introduzir uma celebração semelhante em 13 de Maio de 610, quando dedicou à santíssima Virgem e a todos os mártires o Panteão de Roma, dedicação essa que passou a ser comemorada todos os anos. A partir destes antecedentes, as diversas Igrejas começaram a celebrar em datas diferentes celebrações com idêntico conteúdo. Os irlandeses, por exemplo, celebravam em 20 de Abril uma festa em honra de todos os Santos da Europa.
A data de 1 de Novembro foi adoptada primeiro na Inglaterra do século VIII acabando por se generalizar progressivamente no império de Carlos Magno (influência de Alcuíno, que era inglês), tornando-se obrigatória no reino dos Francos no tempo de Luís, o Pio (835), talvez a pedido do Papa Gregório IV. Na solenidade de todos os Santos, a Igreja propõe-se esta visão da glória, às portas do inverno, para que, com o cair das folhas das árvores e o apagar-se gradual da luz do dia, não esmoreça nos seus filhos a esperança da vida e da vida plena em Deus, onde os Santos são para nós ainda peregrinos na Terra, um estímulo e um contínuo convite a que desejemos, para além da morte, a vida eterna em Deus.
O dia de Todos os Santos é, por isso, um dia de festa que não deve ser ofuscada pela celebração do dia que se lhe segue. A comemoração de todos os Fiéis Defuntos nasceu, no entanto, em ligação com a celebração do dia anterior, e muito naturalmente, pois que também nela se celebra a vida para além da morte, na esperança da ressurreição do último dia.
O dia chama-se Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, depois de Todos os Santos, todos os que partiram deste mundo, marcados com o sinal da fé e esperam ainda a purificação total para poderem chegar à visão de Deus.
O nome tradicional para falar dos que partiram é Defuntos - palavra que significa os que deixaram a sua "função" , a sua actividade terrena e que não devem ser chamados "Finados", palavra de sabor pagão, que significaria os que chegaram ao fim de tudo quanto é vida, onde não haveria lugar para "a vida do mundo que há-de vir", como professamos no Credo. Foi o Abade de Cluny, S. Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem - e eram muitos e influentes - se fizesse a comemoração de todos os defuntos «desde o princípio até ao fim do mundo» no dia a seguir ao da solenidade de todos os Santos.
Este costume depressa se generalizou. Roma oficializou-o no século XIV e no século XV foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar 3 missas em 2 de Novembro, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e ainda na Polónia. Durante a primeira Grande Guerra, o Papa Bento XV generalizou esse uso a toda a Igreja (1915).
O Calendário de 1969 equipara a Comemoração às Solenidades, dando-lhe precedência sobre os domingos. Também a sucessão dos dois dias litúrgicos insinua esta íntima ligação dos dois cultos: a Igreja pretende abraçar todos os cristãos que já concluíram a sua peregrinação terrena, a começar por aqueles nos quais já se cumpriu integralmente o mistério pascal com o triunfo da ressurreição de Jesus Cristo.»

Luís Filipe Santos, Agência Ecclesia, 2010-10-31

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Pensamentos inspiradores

Na véspera de mais um Convívio Fraterno da nossa Diocese, aqui ficam umas frases inspiradoras para pensarmos um pouco:

1 - "Deus não escolhe pessoas capacitadas, Ele capacita os escolhidos."
2 - "Um com Deus é maioria."
3 - "Devemos orar sempre, não até Deus nos ouvir, mas até que possamos ouvir a Deus."
4 - "Nada está fora do alcance da oração, excepto o que está fora da vontade de Deus."
5 - "O mais importante não é encontrar a pessoa certa e, sim, ser a pessoa certa."
6 - "Moisés gastou:
40 anos pensando que era alguém, 40 anos aprendendo que não era Ninguém e 40 anos descobrindo o que Deus pode fazer com um NINGUÉM."
7 - "A fé ri das impossibilidades."
8 - "Não confunda a vontade de DEUS, com a permissão de DEUS."
9 - "Não diga a DEUS que tem um grande problema. Mas diga ao problema que tem um grande DEUS."
[Partilhado por Anabela Talhada, C.F. ]

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Construir um casamento sólido

«Penso assim desde os meus 14 anos. Já nessa altura, pude observar – na escola em que estudava – onde conduzia a frivolidade sexual de muitas amigas minhas. Mesmo estando em plena adolescência e sentindo dentro de mim uma certa “tendência hormonal” para a rebeldia, sempre pensei que a liberdade sexual que mais desejava era estar um dia felizmente casada e bem casada. Graças a Deus, é o que acontece hoje em dia».

São palavras de uma jovem e brilhante advogada durante um debate televisivo há uns anos atrás. Falava de um modo natural, claro, sem pretensões de impor a ninguém os “seus” valores. Simplesmente respondia – com um estilo um pouco introvertido, talvez devido à delicadeza do tema e à consciência de estar a falar diante das câmaras de televisão – às perguntas que lhe fazia o moderador desse debate.

«Pensava – embora tivesse uma certa vergonha de comunicar a qualquer pessoa esta minha convicção – que devia guardar-me para o matrimónio. Era um pensamento íntimo e livre. Não era nenhum tabu. Nem me sentia “reprimida” por não dar rédea solta às minhas tendências mais instintivas. Entendia – e continuo a pensar assim – que orientar essas tendências para o fim natural que elas possuem (a constituição de uma família) não me tornava uma pessoa anormal. Não me sentia menos mulher do que as outras que actuavam de um modo diferente, muito pelo contrário».

«Exigiu esforço manter-me fiel aos meus princípios? Sim, exigiu. Sobretudo o esforço de nadar contra a corrente. Algumas vezes, até tive a impressão de ser um pouco “exagerada”, fora de moda. Mas, agora, com o passar dos anos, não tenho dúvidas em afirmar que valeu a pena. Tenho a sensação de ter construído – também com a ajuda do meu namorado, que hoje é meu marido – um casamento sólido».

Viver um namoro de um modo genuinamente cristão não é uma questão de segunda categoria. E o problema não se reduz à “gravidez indesejada”. O verdadeiro problema é trivializar ou proteger a capacidade de amar. É verdade que, nos dias de hoje, está ‘na moda’ defender exactamente o contrário, mesmo entre pessoas que se dizem “cristãos coerentes”. No entanto, como a própria História não nos cansa de mostrar, nem sempre aquilo que ‘toda a gente diz ou defende’ corresponde à verdade, à visão “ecológica” do ser humano.

Não é muito difícil verificar que, quando se separa o exercício da sexualidade do matrimónio, perde-se facilmente a noção da diferença entre estar casado e não estar. E o casamento não é uma “simples e hipócrita cerimónia exterior que não acrescenta nada ao nosso amor” – declaração que, recentemente, ouvi a um par de pombinhos.

Casar-se é comprometer-se por amor. É evitar, entre outras coisas, que a entrega da mútua capacidade de amar seja uma aventura provisória, sem compromissos, enquanto se está à espera de que apareça alguém “melhor”. Desejar uma pessoa não é a mesma coisa que amá-la. Por isso, quem ama de verdade uma pessoa deseja casar-se – comprometer-se para sempre – com ela. Penso que não é necessário ser cristão para entender estas afirmações. Elas estão inscritas no coração dos homens e mulheres de boa vontade.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

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«Se permanecerdes fiéis à Minha palavra...»

«Se permanecerdes fiéis à Minha palavra, sereis realmente Meus discípulos; então conhecereis a verdade, e a verdade tornar-vos-á livres»


«Eu sou o Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egipto, da casa da servidão» (Ex 20, 2). Estas palavras não se dirigem apenas aos que já saíram do Egipto; dirigem-se sobretudo a ti que as ouves agora, se quiseres sair do Egipto. [...] Reflecte, pois: as coisas deste mundo e as acções da carne não serão essa casa de servidão e, ao contrário, a fuga às coisas deste mundo e a vida segundo Deus não serão a casa da liberdade, conforme o que o Senhor diz no Evangelho: «Se permanecerdes na Minha palavra, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres»?

Sim, o Egipto é a casa de servidão; Jerusalém e a Judeia são a casa da liberdade. Escuta o que o Apóstolo Paulo declara a este respeito [...]: «A Jerusalém que é do alto é livre; é a mãe de todos nós» (Gal 4, 26). E, da mesma forma que o Egipto, esta província terrestre, é chamada «casa de servidão» para os filhos de Israel relativamente a Jerusalém e à Judeia, que são para eles a casa da liberdade, assim também, relativamente à Jerusalém celeste que é, pode-se dizer, a mãe da liberdade, o mundo inteiro, com tudo o que ele contém, é uma casa de servidão. Houve outrora, para castigo do pecado, uma passagem do paraíso da liberdade à servidão deste mundo [...]; por isso a primeira palavra dos mandamentos de Deus diz respeito à liberdade: «Eu sou o Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egipto, da casa da servidão».

Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo
Homilias sobre o Êxodo, n° 8

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Vai só ao meu lado

Não vás à minha frente; eu posso não te seguir. Não vás atrás de mim; eu posso não conduzir. Vai só ao meu lado e sê meu amigo.

Albert Camus

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Por amor...


"O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho a um leproso."

Madre Teresa de Calcutá

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Fátima Conviva 2010

Amigos, está quase a chegar o Fátima Conviva deste ano!

Apressa-te a falar com todos os irmãos do teu CF e vamos formar uma enorme mancha laranja em Fátima!! :-D

As inscrições decorrem até dia 31 de Agosto.

Dormida: 8€
Dormida e autocarro: 25€
Vemo-nos lá!

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Medo da luz


«Com facilidade desculpamos uma criança que tem medo do escuro. A verdadeira tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz. »
Platão

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Carta de um sacerdote

Querido irmão e irmã jornalista:

Sou um simples sacerdote católico. Sinto-me orgulhoso e feliz com a minha vocação. Há vinte anos vivo em Angola como missionário. Sinto grande dor pelo profundo mal que pessoas, que deveriam ser sinais do amor de Deus, sejam um punhal na vida de inocentes. Não há palavras que justifiquem estes atos. Não há dúvida de que a Igreja só pode estar do lado dos mais frágeis, dos mais indefesos. Portanto, todas as medidas que sejam tomadas para a proteção e prevenção da dignidade das crianças será sempre uma prioridade absoluta.

Vejo em muitos meios de informação, sobretudo em vosso jornal, a ampliação do tema de forma excitante, investigando detalhadamente a vida de algum sacerdote pedófilo. Assim aparece um de uma cidade dos Estados Unidos, da década de 70, outro na Austrália dos anos 80 e assim por diante, outros casos mais recentes...

Certamente, tudo condenável! Algumas matérias jornalísticas são ponderadas e equilibradas, outras exageradas, cheias de preconceitos e até ódio.

É curiosa a pouca notícia e desinteresse por milhares de sacerdotes que consomem a sua vida no serviço de milhões de crianças, de adolescentes e dos mais desfavorecidos pelos quatro cantos do mundo

Penso que ao vosso meio de informação não interessa que eu precisei transportar, por caminhos minados, em 2002, muitas crianças desnutridas de Cangumbe a Lwena (Angola), pois nem o governo se dispunha a isso e as ONGs não estavam autorizadas; que tive que enterrar dezenas de pequenos mortos entre os deslocados de guerra e os que retornaram; que tenhamos salvo a vida de milhares de pessoas no Moxico com apenas um único posto médico em 90.000 km2, assim como com a distribuição de alimentos e sementes; que tenhamos dado a oportunidade de educação nestes 10 anos e escolas para mais de 110.000 crianças...

Não é do interesse que, com outros sacerdotes, tivemos que socorrer a crise humanitária de cerca de 15.000 pessoas nos aquartelamentos da guerrilha, depois de sua rendição, porque os alimentos do Governo e da ONU não estavam chegando ao seu destino.

Não é notícia que um sacerdote de 75 anos, o padre Roberto, percorra, à noite, a cidade de Luanda curando os meninos de rua, levando-os a uma casa de acolhida, para que se desintoxiquem da gasolina, que alfabetize centenas de presos; que outros sacerdotes, como o padre Stefano, tenham casas de passagem para os menores que sofrem maus tratos e até violências e que procuram um refúgio.

Tampouco que Frei Maiato com seus 80 anos, passe casa por casa confortando os doentes e desesperados.

Não é notícia que mais de 60.000 dos 400.000 sacerdotes e religiosos tenham deixado sua terra natal e sua família para servir os seus irmãos em um leprosário, em hospitais, campos de refugiados, orfanatos para crianças acusadas de feiticeiros ou órfãos de pais que morreram de Aids, em escolas para os mais pobres, em centros de formação profissional, em centros de atenção a soropositivos... ou, sobretudo, em paróquias e missões dando motivações às pessoas para viver e amar.

Não é notícia que meu amigo, o padre Marcos Aurelio, por salvar jovens durante a guerra de Angola, os tenha transportado de Kalulo a Dondo, e ao voltar à sua missão tenha sido metralhado no caminho; que o irmão Francisco, com cinco senhoras catequistas, tenham morrido em um acidente na estrada quando iam prestar ajuda nas áreas rurais mais recônditas; que dezenas de missionários em Angola tenham morrido de uma simples malária por falta de atendimento médico; que outros tenham saltado pelos ares por causa de uma mina, ao visitarem o seu pessoal. No cemitério de Kalulo estão os túmulos dos primeiros sacerdotes que chegaram à região... Nenhum passa dos 40 anos.

Não é notícia acompanhar a vida de um Sacerdote “normal” em seu dia a dia, em suas dificuldades e alegrias consumindo sem barulho a sua vida a favor da comunidade que serve. A verdade é que não procuramos ser notícia, mas simplesmente levar a Boa-Notícia, essa notícia que sem estardalhaço começou na noite da Páscoa. Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce.

Não pretendo fazer uma apologia da Igreja e dos sacerdotes. O sacerdote não é nem um herói nem um neurótico. É um homem simples, que com sua humanidade busca seguir Jesus e servir os seus irmãos. Há misérias, pobrezas e fragilidades como em cada ser humano; e também beleza e bondade como em cada criatura...

Insistir de forma obsessiva e perseguidora em um tema perdendo a visão de conjunto cria verdadeiramente caricaturas ofensivas do sacerdócio católico na qual me sinto ofendido.

Só lhe peço, amigo jornalista, que busque a Verdade, o Bem e a Beleza. Isso o fará nobre em sua profissão.

Em Cristo,

Pe. Martín Lasarte, SDB.


Carta escrita pelo padre salesiano uruguaio Martín Lasarte, que trabalha em Angola, e endereçada a 6 de Abril ao jornal norte-americano The New York Times.

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A gratidão

Não há no mundo exagero mais belo que a gratidão.
Jean de La Bruyère (1645-1696)

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Encontro anual

Caro conviva,
vamos ter o nosso encontro anual de convivas de Lamego no dia 24 de Julho, no Santuário Senhor da Boa Morte (Touro - Vila Nova de Paiva).

O programa é o seguinte:

9h - Acolhimento
10h - Reflexão
Almoço (7€)
16h30 - Eucaristia
Regresso

Contamos contigo!
Confirma a tua presença pelos contactos habituais (email, telemóvel, blog...)!

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Mentalidades

«É preciso mudar a mentalidade das pessoas. Isto só se resolve com uma nova atitude.»

Estas são das frases mais ouvidas hoje. A resposta canónica surge invariavelmente, seja para resolver a crise, lidar com questões ambientais, melhorar os estudos, fomentar o associativismo ou enfrentar a comunicação social.

Como solução para os males do trânsito, economia, educação, sociedade, cultura, saúde ou justiça, alguém sempre sugere isto. Pode dizer-se que anda toda a gente a tentar mudar a mentalidade de toda a gente.

O diagnóstico é justo e acertado. Afinal todos os problemas humanos nascem necessariamente de uma mentalidade e atitude. Mudando a maneira de pensar das pessoas desapareceria a violência, crime, abusos e todos os males do mundo. Mas a sua justeza é acompanhada de vacuidade. Invocar mudança de mentalidade é como afirmar que, se o problema não existisse, deixaria de se verificar. Que é verdadeiro e insignificante.

O mundo só se muda com respeito por aquela mentalidade que queremos mudar. As pessoas são racionais e cada uma tenta levar a sua vida da melhor maneira possível, reagindo às circunstâncias como pode. Os maus resultados nascem de mal-entendidos, distorção de circunstâncias, oposição de propósitos. Actuar ao nível dos incentivos é eficaz.

Alguns casos exigem mesmo mudança de mentalidade. Mas como? Há apenas uma pessoa a quem consigo alterar a atitude: eu. Ando a tentar há anos, em várias dimensões, com resultados muito discutíveis. Se é assim com cada um de nós, como podemos pretender mudar a mentalidade de multidões?

João César das Neves

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Porque é que a Igreja insiste em baptizar as crianças pouco tempo depois de elas nascerem? Não será isto um atentado contra a sua liberdade? E se mais tarde não quiserem seguir a religião Católica? Não será muito mais sensato esperar que cresçam e nessa altura escolham livremente a religião que desejam praticar?

São muito comuns, nos dias de hoje, estas perguntas. E não somente as perguntas. Também está a tornar-se comum – infelizmente – atrasar o baptismo com o argumento de que é preciso respeitar a liberdade das crianças. Com essa mesma “lógica”, os pais não deveriam escolher arbitrariamente um nome para os seus filhos – seria mais respeitador da sua liberdade que mais tarde os próprios escolhessem. Também seria contra a liberdade dos filhos obrigá-los a ir à escola, a arrumar o quarto ou, em geral, a portarem-se bem. Quem são os pais para imporem aos seus filhos aquilo que consideram que é o bem ou o mal? Não será que essa atitude pode gerar-lhes traumas na infância que dificultarão o exercício da sua liberdade sem nenhum tipo de limites?

Que tal, neste momento, pormos os pontos nos ii? O problema de fundo não é o baptismo nem a liberdade. O problema de fundo é a falta de fé de alguns pais no que significa para o seu filho ser baptizado. Actualmente, vê-se muitas vezes o baptismo como uma simples festa de apresentação aos familiares e amigos da criança que acaba de nascer. Dá-se mais importância a aspectos exteriores como a escolha “cuidadosa” dos padrinhos – não com a finalidade de que saibam zelar pela fé do afilhado, mas com o “critério” de que sejam pessoas amigas que não se esqueçam de dar presentes nos momentos oportunos.

O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica diz-nos que é precisamente o desejo de que os filhos sejam livres que leva os pais a pedirem o baptismo pouco depois de eles nascerem. Pergunta nº 258: “Porque é que a Igreja baptiza as crianças?”. Resposta: “Porque tendo nascido com o pecado original, elas têm necessidade de ser libertadas do poder do Maligno e de ser transferidas para o reino da liberdade dos filhos de Deus”.

Se uma pessoa possui de verdade a fé católica – ou seja, se acredita naquilo que nos disse Nosso Senhor Jesus Cristo – sabe que todos nascemos com uma doença espiritual que se chama pecado original. Também sabe que essa doença tem cura – uma cura infalível que é o baptismo. Também sabe que essa cura não foi “inventada” pela Igreja, mas foi instituída por Jesus Cristo, que, com a sua morte na Cruz, nos alcançou a libertação do pecado e a gloriosa liberdade de filhos de Deus. Também sabe que o baptismo é necessário para a salvação porque assim o disse, sem papas na língua, o próprio Jesus: “Quem crer e for baptizado será salvo; mas quem não crer, será condenado” (Mc 16, 15).

Resumindo: o problema dos atrasos no baptismo não está tanto no respeito pela liberdade das crianças, mas sim na falta de fé de muitos pais que se “esquecem” da importância que possui este sacramento para a salvação dos seus filhos.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria

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Errar

O único homem isento de erros, é aquele que não arrisca acertar.

Albert Einstein

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Hoje, tendo-se tornado uma preocupação central, tanto de cientistas como de teólogos, as questões ambientais parecem estar a gerar uma nova plataforma de entendimento entre indivíduos que, sendo oriundos dos mais diversos universos ideológicos, partilham a mesma visão sobre a relação do homem com a natureza.
Dado o conjunto de valores e causas que defendo no Parlamento Europeu, entre as quais relevam as questões ambientais e da produção eficiente e limpa de energia, às quais sou sensível em boa parte devido à minha formação científica, devo dizer que as posições que a Igreja tem vindo a manifestar a este respeito são para mim uma verdadeira fonte de inspiração. Na sua última carta encíclica, Caritas in veritate, Bento XVI reconhece que "é lícito ao homem exercer um governo responsável sobre a natureza para a guardar, fazer frutificar e cultivar...", mas, ressalva o Sumo Pontífice, o homem não pode deixar de "sentir como gravíssimo o dever de entregar a terra às novas gerações num estado tal que também elas possam dignamente habitá-la e continuar a cultivá-la" (Cap. IV, 50). Parece-me ser um contributo inestimável para a causa ambiental esta elevação da salvaguarda do ambiente ao estatuto de um imperativo moral. O Papa Bento XVI coloca a questão no patamar de um dever que uma geração deve observar para com as próximas gerações. E ao condenar o comportamento do poluidor como um pecado, que exige arrependimento, como o fez no ano passado, acrescenta a esse dever todo o peso da visão religiosa do mundo.
No que respeita à produção de energia, o Papa Bento XVI denuncia a ligação desta questão à pobreza, aos conflitos armados e, em geral, à situação desolada dos países menos desenvolvidos: "O açambarcamento dos recursos energéticos não renováveis... constitui um grave impedimento para o desenvolvimento dos países pobres. A monopolização de recursos naturais... gera exploração e frequentes conflitos entre as nações e dentro das mesmas." Daí o apelo papal à comunidade internacional para "encontrar as vias institucionais para regular a exploração dos recursos não renováveis, com a participação também dos países pobres, de modo a planificar em conjunto o futuro" (Cap. IV, 49).
Recentemente (11 de Janeiro), durante a recepção aos diplomatas das 170 nações representadas no Vaticano, o único Estado do mundo que pode reivindicar ser carbono-neutro, o Papa Bento XVI sublinhou a sua preocupação com o falhanço dos líderes mundiais em alcançarem um acordo global sobre as alterações climáticas, na conferência de Copenhaga, e lançou um apelo, que todos partilhamos, a que se envidem todos os esforços para que seja alcançado um acordo global antes do final do ano (em Cancun).
O testemunho e as mensagens do Sumo Pontífice dão-nos força e ânimo para continuarmos, no nosso dia-a-dia de deputados europeus, com humildade e determinação, a combater por formas novas, menos destrutivas e menos ameaçadoras das gerações vindouras, de nos relacionarmos com a natureza.
Maria da Graça Carvalho
in Público, 2010-04-28
Deputada do PSD ao Parlamento Europeu

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Passo a rezar

Amigo, existe uma ferramenta, relativamente recente, muito boa de oração e reflexão!
É uma iniciativa do Secretariado Nacional do Apostolado da Oração, uma obra da Companhia de Jesus (jesuítas) que se dedica à promoção da oração pessoal e trata-se de um site do qual podemos fazer download de orações diárias em mp3, acompanhadas de leitura do Evangelho e de cânticos e pontos de reflexão que podemos ouvir em qualquer local: na ida para o trabalho, escola, faculdade, etc...

Com este site o Secretariado pretende «adaptar a proposta da oração pessoal às circunstâncias da vida de todos os dias e à exigência de mobilidade que a caracteriza. A caminho do trabalho ou da faculdade, nos transportes públicos ou no trânsito, rezar não é uma “utopia” nem um “desejo irrealizável”: o www.passo-a-rezar.net oferece-te a possibilidade de fazeres de cada lugar um lugar de encontro com Deus, um ”espaço sagrado”.»

O site é http://www.passo-a-rezar.net/

É uma óptima maneira de começarmos o nosso dia! Experimenta!!

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CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 19 de maio de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos, a seguir, a catequese dirigida pelo Papa aos mais de 13 mil peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral.

Queridos irmãos e irmãs:

Hoje, desejo percorrer junto convosco as diversas etapas da viagem apostólica que realizei nestes dias a Portugal, movido especialmente por um sentimento de reconhecimento a Nossa Senhora, que em Fátima transmitiu aos seus videntes e aos peregrinos um intenso amor pelo Sucessor de Pedro. Dou graças a Deus, que me deu a possibilidade de prestar homenagem a esse povo, à sua longa e gloriosa história de fé e de testemunho cristão. Portanto, como eu vos havia pedido que acompanhásseis esta minha visita pastoral com a oração, agora vos peço que vos unais a mim ao agradecer a Deus pelo seu feliz desenvolvimento e conclusão. A Ele confio os frutos que trouxe e trará à comunidade eclesial portuguesa e a toda a população. Renovo a expressão do meu vivo reconhecimento ao presidente da República, Sr. Anibal Cavaco Silva, e às demais autoridades do Estado, que me acolheram com tanta cortesia e prepararam cada elemento para que tudo pudesse acontecer da melhor maneira possível. Com intenso afeto, recordo os irmãos bispos das dioceses portuguesas, a quem tive a alegria de abraçar em sua terra, e lhes agradeço fraternalmente por tudo o que fizeram pela preparação espiritual e organizativa da minha visita, além do notável empenho dedicado à sua realização. Dirijo um pensamento particular ao patriarca de Lisboa, cardeal José da Cruz Policarpo, ao bispo de Leiria-Fátima, Dom Antonio Augusto dos Santos Marto, do Porto, Dom Manuel Macario do Nascimento Clemente, e aos seus respectivos colaboradores, como também aos diversos organismos da conferência episcopal guiada por Dom Jorge Ortiga.

Ao longo de toda a viagem, realizada por ocasião do décimo aniversário da beatificação dos pastorinhos Jacinta e Francisco, senti-me apoiando espiritualmente por meu amado antecessor, o venerável João Paulo II, que esteve por três vezes em Fátima, agradecendo esta "mão invisível" que o livrou da morte no atentado de 13 de maio, aqui nesta Praça de São Pedro. Na tarde de minha chegada, celebrei a Santa Missa em Lisboa, no encantador cenário do Terreiro do Paço, que se eleva sobre o rio Tejo. Foi uma assembleia litúrgica de festa e de esperança, animada pela alegre participação de numerosos fiéis. Na capital, de onde partiram, no decorrer dos séculos, tantos missionários para levar o Evangelho a muitos continentes, encorajei os diversos integrantes da Igreja local a uma ação evangelizadora vigorosa nos diversos âmbitos da sociedade, para serem semeadores de esperança em um mundo marcado pela desconfiança. Particularmente, exortei os crentes a se tornarem anunciadores da morte e ressurreição de Cristo, coração do cristianismo, centro e fundamento de nossa fé e razão de nossa felicidade. Pude manifestar estes sentimentos, também, durante o encontro com os representantes do mundo da cultura, celebrado no Centro Cultural de Belém. Nesta ocasião, dei ênfase ao patrimônio de valores com os quais o cristianismo enriqueceu a cultura, a arte e a tradição do povo português. Nesta nobre terra, como em todos demais países marcados profundamente pelo cristianismo, é possível construir um futuro de compreensão fraternal e de colaboração com as demais instâncias culturais, abrindo-se reciprocamente para um diálogo sincero e respeitoso.

Dirigi-me, depois, para Fátima, pequena cidade caracterizada por uma atmosfera de misticismo autêntico, na qual se nota de maneira quase palpável a presença de Nossa Senhora. Eu me fiz peregrino com os peregrinos naquele santuário admirável, coração espiritual de Portugal e meta de uma multidão procedente dos lugares mais diversos da Terra. Após ter permanecido recolhido em oração e emocionado na Capelinha das Aparições, em Cova da Iria, apresentando ao Coração da Virgem Santa as alegrias e as esperanças, além dos problemas e os sofrimentos do mundo inteiro, na Igreja da Santíssima Trindade tive a alegria de presidir a celebração das Vésperas da Devota Virgem Maria. Dentro deste templo grande e moderno, manifestei meu vivo apreço aos sacerdotes, aos religiosos, às religiosas, aos diáconos e aos seminaristas vindos de todas as partes de Portugal, agradecendo-lhes por seu testemunho silencioso, nem sempre fácil, e por sua fidelidade ao Evangelho e à Igreja. Neste Ano Sacerdotal que chega ao fim, encorajei os sacerdotes a darem prioridade à escuta da Palavra de Deus, ao conhecimento íntimo de Cristo, à intensa celebração da Eucaristia, tomando o exemplo luminoso do Cura d'Ars. Não deixei de confiar e consagrar ao Imaculado Coração de Maria, verdadeiro modelo de discípula do Senhor, os sacerdotes do mundo inteiro.

À noite, com milhares de pessoas que compareceram à grande esplanada do santuário, participei da sugestiva procissão das velas. Foi uma estupenda manifestação de fé em Deus e de devoção à sua Mãe, expressadas com a oração do Santo Rosário. Esta oração, tão querida pelo povo cristão, encontrou em Fátima um centro propulsor para toda a Igreja e o mundo. A "Branca Senhora", na aparição de 13 de junho, disse aos Pastorinhos: "Quero que rezem o terço diariamente". Poderíamos dizer que Fátima e o Rosário são quase um sinônimo.

Minha visita a este lugar tão especial teve seu auge no Celebração Eucarística de 13 de maio, aniversário da primeira aparição da Virgem a Francisco, Jacinta e Lúcia. Lembrando as palavras do profeta Isaías, convidei aquela imensa assembléia, recolhida aos pés da Virgem, com grande amor e devoção, a alegrar-se plenamente no Senhor, pois o seu amor misericordioso é a nascente da nossa esperança. E é precisamente de esperança que está profundamente impregnada a mensagem - exigente e ao mesmo tempo consoladora - que Nossa Senhora deixou em Fátima. É uma mensagem centrada na oração, na penitência e na conversão, que se projeta para além das ameaças, dos perigos e dos horrores da história , para convidar o homem a ter confiança na ação de Deus, a cultivar a grande esperança, a fazer a experiência da graça do Senhor para se enamorar dele, fonte de amor e de paz.

Nesta perspectiva, foi significativo o apaixonante encontro com as organizações da pastoral social, para as quais indiquei o estilo do bom samaritano para ir ao encontro das necessidades dos irmãos mais necessitados e servir a Cristo, promovendo o bem comum. Muitos jovens aprendem a importância da gratidão justamente em Fátima, que é uma escola de fé e de esperança, porque é, também, escola de caridade e de serviço aos irmãos. Neste contexto de fé e de oração, celebrou-se o importante e fraternal encontro com o episcopado português, como conclusão de minha visita a Fátima: foi um momento de intensa comunhão espiritual, no qual demos juntos graças ao Senhor pela fidelidade da Igreja que está em Portugal e confiamos à Virgem as esperanças e preocupações pastorais comuns. Também mencionei estas esperanças e perspectivas pastorais ao longo da Santa Missa, celebrada na histórica e simbólica cidade do Porto, a "Cidade da Virgem", última etapa de minha peregrinação a esta terra lusitana. À grande multidão de fiéis reunida na Avenida dos Aliados recordei o compromisso de testemunhar o Evangelho em todo lugar, oferecendo ao mundo o Cristo ressuscitado, para que cada situação de dificuldade, de sofrimento, de medo se transforme, por meio do Espírito Santo, em ocasião de crescimento e de vida.

Queridos irmãos e irmãs, a peregrinação a Portugal foi para mim uma experiência comovente e repleta de muitos dons espirituais. Enquanto permanecem fixas em minha mente e em meu coração as imagens desta viagem inesquecível, o acolhimento caloroso e espontâneo, o entusiasmo das pessoas, louvo o Senhor porque Maria, aparecendo aos três pastorinhos, abriu no mundo um espaço privilegiado para encontrar a misericórdia divina que cura e salva. Em Fátima, a Virgem Santa convida todos a considerarem a terra como lugar da nossa peregrinação rumo à pátria definitiva, que é o céu. Na realidade, todos somos peregrinos, temos necessidade da Mãe que nos guia. "Contigo caminhamos na esperança. Sabedoria e Missão" era o lema da minha viagem apostólica a Portugal e, em Fátima, a bem-aventurada Virgem Maria convida-nos a caminhar com grande esperança, deixando-nos guiar pela "sapiência do alto", que se manifestou em Jesus, a sabedoria do amor, para levar ao mundo a luz e a alegria de Cristo. Portanto, eu vos convido a vos unirdes à minha oração, pedindo ao Senhor que abençoe os esforços daqueles que, nessa amada nação, se dedicam ao serviço do Evangelho e à busca do verdadeiro bem do homem, de cada homem. Oremos também para que, por intercessão de Maria Santíssima, o Espírito Santo faça frutificar esta viagem apostólica e encoraje em todo o mundo a missão da Igreja, instituída por Cristo para anunciar a todos os povos o Evangelho da verdade, da paz e do amor.

[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]

Queridos irmãos e irmãs:
Gostaria de compartilhar convosco um pouco da minha recente viagem apostólica a Portugal, por ocasião do 10º aniversário da beatificação dos pastorinhos Jacinta e Francisco. A visita teve início em Lisboa; durante a Santa Missa, falei da necessidade dos cristãos serem semeadores da esperança. Seguindo para Fátima, peregrino com os peregrinos, lá apresentei ao Imaculado Coração Maria as alegrias e esperanças, os problemas e sofrimentos do mundo inteiro. No do dia 13, aniversário da primeira Aparição de Nossa Senhora, durante a Celebração da Eucaristia lembrei na homilia que as aparições nos falam de uma mensagem exigente e consoladora, centrada na oração, na penitência e na conversão, que nos leva a superar as dificuldades da história, convidando a humanidade a cultivar a grande esperança. E a viagem concluiu-se na histórica cidade do Porto, com a Celebração Eucarística, insistindo no compromisso para a missão. E de lá me despedi de Portugal, manifestando o desejo de que a minha visita se tornasse incentivo para um renovado impulso espiritual e apostólico.

Amados peregrinos vindos do Brasil e demais países de língua portuguesa, que a intercessão de Nossa Senhora de Fátima, que em vossos países é venerada com tanta confiança e firme amor, possa ajudar-vos a viver com mais empenho a vossa vocação de testemunhas do Evangelho da verdade, da paz e do amor. Sirva-vos de conforto a minha bênção.



[Tradução: Cláudio Luis Campos Mendes. ©Libreria Editrice Vaticana]

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A união de homossexuais e o Presidente da República

O título mais exacto do comentário que se segue seria “A pirueta da triste figura”.

Senti um arrepio, quase vómito, quando acabei de ouvir o Prof. Cavaco Silva. Que vergonha, senti. Por ele, claro. E pelo país. Assim ficou para a história como o padrinho (the best man) dos homossexuais, por incoerência da sua decisão, quando poderia ter passado à História como alguém que sem disfarce piedoso e paternalista segue as suas convicções, independente de votos e oportunismos. Seria bem preferível que, sem mais, tivesse promulgado o tal “casamento”, porque sim, porque assim o achava. Mas vir dizer a todo um país que ele pensou bem e não está de acordo e deu provas disso, que há outros modos e figuras jurídicas para o caso que são seguidas nos países que ninguém se atreve a chamar de atrasados; mais, que só uma minoria na Europa assumiu esta forma e, depois, num salto mortal, conclui ao contrário e promulga! O dito por não dito. Claro, arranjou duas “razões”. Falsas. E uma delas é ofensiva da dignidade e inteligência de um povo: estamos tão em crise e tão miseráveis que não nos podemos distrair com este tipo de debates! Ora, estes temas humanos é que são sérios, até porque a verdadeira crise é de valores. O Senhor Presidente pode ter a certeza de que o povo, “na sua menoridade” o que vai discutir é sobre futebol em África e o campeonato do Mundo. A outra razão também é “enorme”! A Assembleia vai aprovar outra vez e já não será possível vetá-lo. Pois não seria, se não houvesse outras coisas a fazer. Até dissolver a Assembleia seria possível. Aliás ninguém pode garantir em absoluto que uma lei passe (ou não) e que não haja mudanças de opinião, sobretudo quando a maioria não está assim tão garantida! De facto, usar tal argumento e agir assim com tal pirueta é como se alguém dissesse “vou-me suicidar porque é certo que dentro de algum tempo morrerei”.

Eis aqui um exemplo de um mau discernimento, do que é deixar-se levar pelas aparências de bem, do que é não clarificar nem assumir as verdadeiras motivações e arranjar “boas” razões, saídas airosas para proteger as próprias conveniências.

Enfim, não se podem julgar as pessoas, mas as piruetas, sim.

Vasco Pinto de Magalhães s.j.

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- por José Ribeiro e Castro

O Papa é o Santo Padre, o nosso Santo Pai, nossa referência e luz, ao nosso lado, no caminho como cristãos. Muitas vezes dizem-no Chefe da Igreja. Mas não é chefe como outros, porque a Igreja também não é uma instituição como outras. Ele é mais o farol. É o Pastor. Guia pela palavra, guia pelo risco, guia pelo exemplo, guia pela inspiração, guia pelo conforto, guia pelo amparo – guia porque vai à frente, quando precisamos que nos aponte, e guia também porque vai atrás, quando precisamos que nos empurre. Guia, estando ao nosso lado. Guia, estando connosco. É pastor, é o Pastor. Guia em nome da Verdade e da sua incessante busca, da Verdade que o Homem só verdadeiramente descobre e toca no seu – isto é, no nosso – encontro com Deus.
Nisto, Bento XVI não é diferente de S. Pedro, o primeiro de todos os Papas. Nem é diferente de João Paulo II, que o precedeu. Como não será diferente daquele que lhe suceder. Mas tem sido um Papa particularmente atingido em certos meios e, por vezes, verbalmente vergastado pelos sectores anti-católicos,assumidos ou dissimulados. Nessa convulsão mediática que lhe tem sido dado viver, a crítica mais ardilosa é a de que “não tem o carisma” de João Paulo II. Mas é curioso verificar como aqueles que mais apontam isso a “este” Papa são aqueles que também não seguiam o“outro”…
Bento XVI, além de Papa, é uma grande figura da Igreja contemporânea, um intelectual reconhecido e admirado – e, por isso, também desafiado e atacado. Em pouco tempo, já nos deixou três Encíclicas: sobre o Amor (Deus Caritas Est), sobre a Esperança (Spe salvi) e de novo sobre o Amor e a Verdade (Caritas in veritate). E muitos outros documentos seus deixaram marca. O seu magistério não é só notável, é riquíssimo e brilhante. Um magistério de Evangelho escrito.
Coube-lhe ainda a circunstância de ser a cabeça da Igreja universal diante de um vendaval terrível, desencadeado pelos sucessivos escândalos de pedofilia de alguns sacerdotes em diferentes partes do mundo. A coragem, a verticalidade e a humildade de que tem dado mostras, mesmo quando submetido ao injusto furacão de detractores, dão-nos a todos os católicos a garantia fundamental: a de que o Pastor também não vacila. Nem deixa vacilar. Bento XVI tem sabido ser firme e sereno, preciso e reformador. Um magistério de Evangelho prático.
Nestes dias, Bento XVI veio visitar-nos. Para nos dar a sua presença e, de novo, a sua palavra. A mim, como a muitos católicos portugueses, apetece-me o contrário: apetece-nos estar com ele. Para lhe dar a nossa companhia e, através dela, o nosso sinal de amor e gratidão. Amor e gratidão por ser o nosso Papa, o Papa do nosso tempo. Amor e gratidão por representar tão bem as larguíssimas centenas de milhares de sacerdotese de religiosos que, em todo o mundo, sofrem, em silêncio e serviço quotidiano dos outros, a amargura dos erros de alguns poucos. Amor e gratidão por todos seguirem fiéis, serenos e disponíveis ao recto serviço de Deus, de Jesus Cristo e da Sua Palavra de Salvação. Quanto precisamos deles!

Obrigado, Bento XVI.

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SANTA MISSA
HOMILIA DO PAPA BENTO XVI
Sexta-feira, 14 de Maio de 2010

Amados Irmãos e Irmãs,

«Está escrito no Livro dos Salmos: […] receba outro o seu cargo. É necessário, portanto, que […] um se torne connosco testemunha da ressurreição» (Act 1, 20-22). Assim falou Pedro, lendo e interpretando a palavra de Deus no meio de seus irmãos, reunidos no Cenáculo depois da Ascensão de Jesus ao Céu. O escolhido foi Matias, que tinha sido testemunha da vida pública de Jesus e do seu triunfo sobre a morte, permanecendo-Lhe fiel até ao fim, não obstante a debandada de muitos. A «desproporção» de forças em campo, que hoje nos espanta, já há dois mil anos admirava os que viam e ouviam a Cristo. Era Ele apenas, das margens do Lago da Galileia às praças de Jerusalém, só ou quase só nos momentos decisivos: Ele em união com o Pai, Ele na força do Espírito. E todavia aconteceu que por fim, pelo mesmo amor que criou o mundo, a novidade do Reino surgiu como pequena semente que germina na terra, como centelha de luz que irrompe nas trevas, como aurora de um dia sem ocaso: É Cristo ressuscitado. E apareceu aos seus amigos, mostrando-lhes a necessidade da cruz para chegar à ressurreição.

Uma testemunha de tudo isto, procurava Pedro naquele dia. Apresentadas duas, o Céu designou «Matias, que foi agregado aos onze Apóstolos» (Act 1, 26). Hoje celebramos a sua memória gloriosa nesta «Cidade Invicta», que se vestiu de festa para acolher o Sucessor de Pedro. Dou graças a Deus por me trazer até ao vosso meio, encontrandovos à volta do altar. A minha cordial saudação para vós, irmãos e amigos da cidade e diocese do Porto, vindos da província eclesiástica do norte de Portugal e mesmo da vizinha Espanha, e quantos mais estão em comunhão física ou espiritual com esta nossa assembleia litúrgica. Saúdo o Senhor Bispo do Porto, Dom Manuel Clemente, que desejou com grande solicitude a minha visita, me acolheu com grande afecto e se fez intérprete dos vossos sentimentos no início desta Eucaristia. Saúdo seus Predecessores e demais Irmãos no episcopado, os sacerdotes, os consagrados e consagradas, e os fiéis leigos, com um pensamento particular para quantos estão envolvidos na dinamização da Missão Diocesana e, mais concretamente, na preparação desta minha Visita. Sei que a mesma pôde contar com a real colaboração do Presidente da Câmara do Porto e de outras Autoridades públicas, muitas das quais me honram com a sua presença, aproveitando este momento para as saudar e lhes desejar, a elas e a quantos representam e servem, os melhores sucessos a bem de todos.

«É necessário que um se torne connosco testemunha da ressurreição»: dizia Pedro. E o seu Sucessor actual repete a cada um de vós: Meus irmãos e irmãs, é necessário que vos torneis comigo testemunhas da ressurreição de Jesus. Na realidade, se não fordes vós as suas testemunhas no próprio ambiente, quem o será em vosso lugar? O cristão é, na Igreja e com a Igreja, um missionário de Cristo enviado ao mundo. Esta é a missão inadiável de cada comunidade eclesial: receber de Deus e oferecer ao mundo Cristo ressuscitado, para que todas as situações de definhamento e morte se transformem, pelo Espírito, em ocasiões de crescimento e vida. Para isso, em cada celebração eucarística, ouviremos mais atentamente a Palavra de Cristo e saborearemos assiduamente o Pão da sua presença. Isto fará de nós testemunhas e, mais ainda, portadores de Jesus ressuscitado no mundo, levando-O para os diversos sectores da sociedade e quantos neles vivem e trabalham, irradiando aquela «vida em abundância» (Jo, 10, 10) que Ele nos ganhou com a sua cruz e ressurreição e que sacia os mais legítimos anseios do coração humano.

Nada impomos, mas sempre propomos, como Pedro nos recomenda numa das suas cartas: «Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder a quem quer que seja sobre a razão da esperança que há em vós» (1 Ped 3, 15). E todos afinal no-la pedem, mesmo quem pareça que não. Por experiência própria e comum, bem sabemos que é por Jesus que todos esperam. De facto, as expectativas mais profundas do mundo e as grandes certezas do Evangelho cruzam-se na irrecusável missão que nos compete, pois «sem Deus, o ser humano não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem seja. Perante os enormes problemas do desenvolvimento dos povos, que quase nos levam ao desânimo e à rendição, vem em nosso auxílio a palavra do Senhor Jesus Cristo que nos torna cientes deste dado fundamental: “Sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5), e encoraja: “Eu estarei sempre convosco até ao fim do mundo” (Mt 28, 20)» (Bento XVI, Enc. Caritas in veritate, 78).

Mas, se esta certeza nos consola e tranquiliza, não nos dispensa de ir ao encontro dos outros. Temos de vencer a tentação de nos limitarmos ao que ainda temos, ou julgamos ter, de nosso e seguro: seria morrer a prazo, enquanto presença de Igreja no mundo, que aliás só pode ser missionária, no movimento expansivo do Espírito. Desde as suas origens, o povo cristão advertiu com clareza a importância de comunicar a Boa Nova de Jesus a quantos ainda não a conheciam. Nestes últimos anos, alterou-se o quadro antropológico, cultural, social e religioso da humanidade; hoje a Igreja é chamada a enfrentar desafios novos e está pronta a dialogar com culturas e religiões diversas, procurando construir juntamente com cada pessoa de boa vontade a pacífica convivência dos povos. O campo da missão ad gentes apresenta-se hoje notavelmente alargado e não definível apenas segundo considerações geográficas; realmente aguardam por nós não apenas os povos não-cristãos e as terras distantes, mas também os âmbitos sócio-culturais e sobretudo os corações que são os verdadeiros destinatários da actividade missionária do povo de Deus.

Trata-se de um mandato cuja fiel realização «deve seguir o mesmo caminho de Cristo: o caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação própria até à morte, de que Ele saiu vencedor pela sua ressurreição» (Conc. Ecum. Vaticano II, Decr. Ad gentes, 5). Sim! Somos chamados a servir a humanidade do nosso tempo, confiando unicamente em Jesus, deixando-nos iluminar pela sua Palavra: «Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça» (Jo 15, 16). Quanto tempo perdido, quanto trabalho adiado, por inadvertência deste ponto! Tudo se define a partir de Cristo, quanto à origem e à eficácia da missão: a missão recebemo-la sempre de Cristo, que nos deu a conhecer o que ouviu a seu Pai, e somos nela investidos por meio do Espírito na Igreja. Como a própria Igreja, obra de Cristo e do seu Espírito, trata-se de renovar a face da terra a partir de Deus, sempre e só de Deus!

Queridos irmãos e amigos do Porto, levantai os olhos para Aquela que escolhestes como padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição. O Anjo da anunciação saudou Maria como «cheia de graça», significando com esta expressão que o seu coração e a sua vida estavam totalmente abertos a Deus e, por isso, completamente invadidos pela sua graça. Que Ela vos ajude a fazer de vós mesmos um «sim» livre e pleno à graça de Deus, para poderdes ser renovados e renovar a humanidade pela luz e a alegria do Espírito Santo.

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«O Papa deseja que a sua visita sirva para "renovar o impulso espiritual e apostólico da Igreja portuguesa". Chegou assim ao fim a visita de Bento XVI a Portugal.

Ninguém ficou esquecido no discurso de agradecimento e despedida de Portugal. Os organizadores, o episcopado, as autoridades civis e militares, os imigrantes e até os meios de comunicação social, todos foram mencionados pelo Papa no discurso de hoje no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.

"Levo guardada na alma a cordialidade do vosso acolhimento afectuoso, a forma tão calorosa e espontânea como se cimentaram os laços de comunhão com os grupos humanos com quem pude contactar", disse o Santo Padre. "Para todos os portugueses, fiéis católicos ou não, aos homens e mulheres que aqui vivem, mesmo sem aqui terem nascido, vai a minha saudação na hora da despedida."

Bento XVI agradeceu a todos e pediu uma “sólida coesão, caminho necessário para enfrentar com responsabilidade comum os desafios com que vos debateis". "Continue esta gloriosa Nação a manifestar a grandeza de alma, profundo sentido de Deus, abertura solidária, pautada por princípios e valores bebidos no humanismo cristão”, afirmou.

Momentos antes de embarcar no avião que o levaria de volta a Roma, Bento XVI falou da alegria que sentiu ao ser “testemunha da fé e devoção da comunidade eclesial portuguesa”, e de ter verificado “a energia entusiasta das crianças e dos jovens, a adesão fiel dos presbíteros, diáconos e religiosos, a dedicação pastoral dos bispos, a procura livre da verdade e da beleza patente no mundo da cultura, a criatividade dos agentes de pastoral social, a vibração da fé dos fiéis nas dioceses". "O meu desejo é que a minha visita se torne incentivo para um renovado impulso espiritual e apostólico”, pediu.

O Papa finalizou desta forma uma visita apostólica de quatro dias a Portugal, durante a qual passou por Lisboa, Fátima e Porto.»

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Papa Bento XVI - Porto (Aliados)

Bem pessoal, fomos ver hoje, pessoalmente, o Santo Padre, aos Aliados no Porto :). Estão as fotos do acontecimento no SlideShow e aqui ficam dois de alguns videos captados por lá. O primeiro mostra a chegada de Sua Santidade e o segundo, mostra uma estrela em rápida ascenção (as entrevistas foram às dezenas, para não dizer, às centenas) conhecido por todos nós. Força Anthony :).



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«Queridos Irmãos e Irmãs,
Jovens amigos!

«Ide fazer discípulos de todas as nações, […] ensinai-lhes a cumprir tudo quanto vos mandei. E Eu estou sempre convosco, até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20). Estas palavras de Cristo ressuscitado revestem-se de um significado particular nesta cidade de Lisboa, donde partiram em grande número gerações e gerações de cristãos – bispos, sacerdotes, consagrados e leigos, homens e mulheres, jovens e menos jovens –, obedecendo ao apelo do Senhor e armados simplesmente com esta certeza que lhes deixou: «Eu estou sempre convosco». Glorioso é o lugar conquistado por Portugal entre as nações pelo serviço prestado à dilatação da fé: nas cinco partes do mundo, há Igrejas locais que tiveram origem na missionação portuguesa.

Nos tempos passados, a vossa saída em demanda de outros povos não impediu nem destruiu os vínculos com o que éreis e acreditáveis, mas, com sabedoria cristã, pudestes transplantar experiências e particularidades abrindo-vos ao contributo dos outros para serdes vós próprios, em aparente debilidade que é força. Hoje, participando na edificação da Comunidade Europeia, levai o contributo da vossa identidade cultural e religiosa. De facto, Jesus Cristo, assim como Se uniu aos discípulos a caminho de Emaús, assim também caminha connosco segundo a sua promessa: «Estou sempre convosco, até ao fim dos tempos». Apesar de ser diferente da dos Apóstolos, temos também nós uma verdadeira e pessoal experiência da presença do Senhor ressuscitado. A distância dos séculos é superada e o Ressuscitado oferece-Se vivo e operante, por nós, no hoje da Igreja e do mundo. Esta é a nossa grande alegria. No rio vivo da Tradição eclesial, Cristo não está a dois mil anos de distância, mas está realmente presente entre nós e dá-nos a Verdade, dá-nos a luz que nos faz viver e encontrar a estrada para o futuro.

Presente na sua Palavra, na assembleia do Povo de Deus com os seus Pastores e, de modo eminente, no sacramento do seu Corpo e do seu Sangue, Jesus está connosco aqui. Saúdo o Senhor Cardeal-Patriarca de Lisboa, a quem agradeço as calorosas palavras que me dirigiu, no início da celebração, em nome da sua comunidade que me acolhe e que abraço nos seus quase dois milhões de filhos e filhas; a todos vós aqui presentes – amados Irmãos no episcopado e no sacerdócio, prezadas mulheres e homens consagrados e leigos comprometidos, queridas famílias e jovens, baptizados e catecúmenos – dirijo a minha saudação fraterna e amiga, que estendo a quantos estão unidos connosco através da rádio e da televisão. Sentidamente agradeço a presença do Senhor Presidente da República e demais Autoridades, com menção particular do Presidente da Câmara de Lisboa que teve a amabilidade de honrar-me com a entrega das chaves da cidade.

Lisboa amiga, porto e abrigo de tantas esperanças que te confiava quem partia e pretendia quem te visitava, gostava hoje de usar as chaves que me entregas para alicerçar as tuas esperanças humanas na Esperança divina. Na leitura há pouco proclamada da Epístola de São Pedro, ouvimos dizer: «Eu vou pôr em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa. E quem nela acreditar não será confundido». E o Apóstolo explica: «Aproximai-vos do Senhor. Ele é a pedra viva, rejeitada, é certo, pelos homens, mas aos olhos de Deus escolhida e preciosa» (1 Pd 2, 6.4). Irmãos e irmãs, quem acreditar em Jesus não será confundido: é Palavra de Deus, que não Se engana nem pode enganar. Palavra confirmada por uma «multidão que ninguém pode contar e provém de todas as nações, tribos, povos e línguas», e que o autor do Apocalipse viu vestida de «túnicas brancas e com palmas na mão» (Ap 7, 9). Nesta multidão incontável, não estão apenas os Santos Veríssimo, Máxima e Júlia, aqui martirizados na perseguição de Diocleciano, ou São Vicente, diácono e mártir, padroeiro principal do Patriarcado; Santo António e São João de Brito que daqui partiram para semear a boa semente de Deus noutras terras e gentes, ou São Nuno de Santa Maria que, há pouco mais de um ano, inscrevi no livro dos Santos. Mas é formada pelos «servos do nosso Deus» de todos os tempos e lugares, em cuja fronte foi traçado o sinal da cruz com «o sinete de marcar do Deus vivo» (Ap 7, 2): o Espírito Santo. Trata-se do rito inicial cumprido sobre cada um de nós no sacramento do Baptismo, pelo qual a Igreja dá à luz os «santos».

Sabemos que não lhe faltam filhos insubmissos e até rebeldes, mas é nos Santos que a Igreja reconhece os seus traços característicos e, precisamente neles, saboreia a sua alegria mais profunda. Irmana-os, a todos, a vontade de encarnar na sua existência o Evangelho, sob o impulso do eterno animador do Povo de Deus que é o Espírito Santo. Fixando os seus Santos, esta Igreja local concluiu justamente que a prioridade pastoral hoje é fazer de cada mulher e homem cristão uma presença irradiante da perspectiva evangélica no meio do mundo, na família, na cultura, na economia, na política. Muitas vezes preocupamo-nos afanosamente com as consequências sociais, culturais e políticas da fé, dando por suposto que a fé existe, o que é cada vez menos realista. Colocou-se uma confiança talvez excessiva nas estruturas e nos programas eclesiais, na distribuição de poderes e funções; mas que acontece se o sal se tornar insípido?

Para isso é preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano. A ressurreição de Cristo assegura-nos que nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja. Portanto a nossa fé tem fundamento, mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós. Assim há um vasto esforço capilar a fazer para que cada cristão se transforme em testemunha capaz de dar conta a todos e sempre da esperança que o anima (cf. 1 Pd 3, 15): só Cristo pode satisfazer plenamente os anseios profundos de cada coração humano e responder às suas questões mais inquietantes acerca do sofrimento, da injustiça e do mal, sobre a morte e a vida do Além.

Queridos Irmãos e jovens amigos, Cristo está sempre connosco e caminha sempre com a sua Igreja, acompanha-a e guarda-a, como Ele nos disse: «Eu estou sempre convosco, até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20). Nunca duvideis da sua presença! Procurai sempre o Senhor Jesus, crescei na amizade com Ele, comungai-O. Aprendei a ouvir e a conhecer a sua palavra e também a reconhecê-Lo nos pobres. Vivei a vossa vida com alegria e entusiasmo, certos da sua presença e da sua amizade gratuita, generosa, fiel até à morte de cruz. Testemunhai a alegria desta sua presença forte e suave a todos, a começar pelos da vossa idade. Dizei-lhes que é belo ser amigo de Jesus e que vale a pena segui-Lo. Com o vosso entusiasmo, mostrai que, entre tantos modos de viver que hoje o mundo parece oferecer-nos – todos aparentemente do mesmo nível –, só seguindo Jesus é que se encontra o verdadeiro sentido da vida e, consequentemente, a alegria verdadeira e duradoura.

Buscai diariamente a protecção de Maria, a Mãe do Senhor e espelho de toda a santidade. Ela, a Toda Santa, ajudar-vos-á a ser fiéis discípulos do seu Filho Jesus Cristo. »




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